sexta-feira, 16 de abril de 2021

Um prelúdio

 Todo mundo sabe da minha paixão pela Alessandra Zaffani, que arrasto 10 caminhões ou mais pelo seu sorriso, ah... todo mundo sabe disso.

Não essa paixão carnal, edípica e mundana que se sentem, atraídos os homens pelas mulheres. Meu carinho pela moça é espiritual, quando a vi pela primeira vez, senti que já a conhecia de vidas passadas e, ainda que minha alma pulasse de alegria, meu cérebro só conseguiu produzir uma frase:
_Essa moça tem que vestir o azul sagrado do meu Dínamo.
Dona de um sorriso hipnotizador e olhos castanhos quase verdes, a menina foi um prelúdio num tempo caótico, como se, no meio de todo horror da guerra, alguém parasse pra ouvir uma linda canção.
Já despontava o escrete feminino do Dínamo, como um grande time, a Osvaldão já nos havia dado a goleira Angela, a Arlete Sales, a Adriana Dourado e a Diana, lá do lado das Tintas Wanda vieram a Mazé, a Cacilda e a Tânia, da COHAB Raposo vieram as irmãs Clemente... Edcléia e Sandra e meu amigo Francisco do Palmeirinhas mandou as guerreiras do João XXIII, a Viviane (Rincó
n), a Sandra Ambrosio, a Mirna e a Adriana Chin., muito poder de fogo e uma torcida fiel, em qualquer lugar que se fosse, eramos bem recebidos.
A ânsia de crescer gerava o desconforto de ganhar sempre e isso gerava um conflito interno, aos poucos, foi-se perdendo a ternura, faltava-nos algo que não conseguíamos identificar e a coisa crescia.
Integrante da comissão técnica, o
Júlio Martins
(Shêpa) disse que havia um time na COHAB Educandário e marcou um jogo contra, o Joel, velho rival dos jogos do infantil comandava as meninas.
Havia chovido no sábado de manhã e de tarde o campo do Palmeirinha não podia ser usado, subimos pro campo do Estrela que ficava ao lado deste.
Nunca fomos bem recebidos nesse campo e, por conta disso, eu sempre ficava irritado, no campo se ajustavam o Dínamo em seu uniforme todo azul da Zanetti e o Atlético da COHAB, que vestia branco com detalhes vermelho e o que chamava a atenção era a beleza de algumas das jogadoras do outro time e geralmente com esses times, a goleada era inevitável.
Quando a menina vinha com a bola na mão pra cobrar o arremesso lateral, ficou de frente comigo e deu-se o desmantelo.
De súbito, a irritação deu lugar ao contentamento e a paz, feito quem vê uma alma conhecida.
_Shêpa, essa moça... quem é?
_Essa é a Alê, minha amiga, estuda no Educandário Dom Duarte e mora no meu prédio.
Nos dias seguintes, virou uma obsessão tê-la ao meu lado e lancei mão de recursos não ortodoxos para isso.
Tive informações de que o Joel estava se tornando viciado e, tendo dinheiro pra comprar um uniforme novo na loja, usei-o para comprar todos os uniforme do Atlético e, pra falar a verdade, o Dínamo nem carecia de uniforme novo.
Com dinheiro na mão e sem roupa, o técnico se desfez do time e, como era o meu plano, o Shêpa assumiu o comando das meninas.
Aos poucos, as meninas da COHAB Educandário passaram a integrar o elenco do Dínamo.
A paz se fez, o time agora era poderoso e lindo.
A moça de lindos olhos castanhos, quase verdes, agora embelezava o azul sagrado do meu Dínamo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O Niltão sempre foi esquisito mesmo