domingo, 19 de fevereiro de 2017

A vez do técnico

  O mérito do técnico está em montar um bom time e, em conhecer o potencial do elenco, são raras, as vezes que um técnico passa de coordenador à figura principal de uma partida.
  Eu não sou exceção nessa regra, foram poucas as vezes em que eu determinei uma vitória.
  Já contei da vez que, contra o Arpoador, eu coloquei o Wellington, no último minuto e ele desempatou o jogo, que já se encaminhava pras penalidades.
  Com a seleção, no campo da Cohab Raposo, aconteceu uma legal, o tio Zé, que era o dirigente daquele time, se orgulhava de ter uns anos de invencibilidade, na prática era assim: todo time que jogava contra o dele era assaltado, o árbitro era dele, quem não gostasse, que fosse reclamar ,,,e alguém reclamava ???
  Num domingo, de tarde, fomos disputar um festival por lá, não era ruim, o time do tio Zé, era até arrumadinho, se ele tentasse treinar, daria muito jogo, "mas pra que treinar se eu posso roubar, né"?!
  Demos um baile, nesse dia o time estava inspirado, mas para cada gol nosso, o inseto do juiz, fabricava um penalte e empatava o jogo e a cara dele sequer ficava vermelha.
  O jogo seguia para o final, o Guio fez um gol do meio da rua e desempatou, ficamos com 3 X 2 e faltavam 2 minutos para acabar, nesse momento começou a palhaçada de sempre, os 2 minutos viraram 10 e nada de acabar, a bola no meio de campo e o centro avante deles se joga na nossa área, o descarado do juiz corre para marca da cal.
  Tumulto, eu me conservei calmo, ao notar que quem ia bater o penalte era o Marquinhos, que era um craque, só estava no time errado, o fato é que eu conhecia o caráter dele.
  Assim que ele pegou a bola pra ajeitar, eu comentei :
  _Que palhaçada, desse jeito nunca vai perder mesmo, se eu ganhasse um jogo assim, teria vergonha de sair de casa.
  O Marquinhos, de tanta vergonha, chutou a bola pra cima, ela foi mais alta que o muro e caiu nos predinhos, tirou a camisa e jogou na cara do tio Zé.
  No campo da Vila Prudente, percebendo que os meus gritos determinavam o ritmo do jogo, o dono do campo chamou o juiz para conversar e, sem justificativa nenhuma me expulsou, fazer o que, né?!?
  O que ele não contava é, que na arquibancada, um andar acima, minha voz fazia mais eco, lá em cima, eu não só comandei melhor, como passei a fazer piadas com o juiz.
  A melhor de todas, foi na quadro do EEPG Guiomar, jogo bonito, briga de cachorro grande, nosso time amador e os moleques locais, o time no Guiomar jogavam os dois irmãos da Mazé.
Primeiro tempo fizemos 3 x 0 e administramos a partida no conta-gotas, aos 15 do segundo, o placar já era 4 x 1 pra nós, parecia que estava tudo bem, só que o meu time, que era Tchesco, Berruga, Ricardo Bueno, Zoião e Marcos Aurélio no gol, era mais velho, coisa de uns 4 anos mais que os adversários, já estava no limite de suas forças, o outro time, além de mais jovem era bem estruturado, passou a atacar com jogadas ensaiadas, em 2 minutos fizeram 2 gols e cresciam em quadra e eu já gastara o tempo técnico, meu time precisava descansar pelo menos 1 minutos.
  Pensei rápido, ia dar uma de maluco...fui à mesa, fiz sinal de que queria um tempo, o mesário olhou pra súmula e disse que eu já havia pedido.
  Com a cara mais deslavada do mundo, falei que não e o Guiomar vindo pra cima, o mesário levantou a prancheta e me mostrou, fiz uma careta:
  _Tá me tirando, maluco???
  E, dito isso, dei uma bica na mesa, a mesa voou pra dentro da quadra, o mesário levantou-se, com os punhos cerrados pro pau, algumas pessoas seguram ele e outras me seguraram, os 2 times ficaram em posição de briga.
  Bate-boca daqui e bate-boca de lá, no meio da crise eu dizendo que estava sendo roubado, até a policia entrou na quadra, do nada eu disse que estava errado realmente, agora eu me lembrava que já havia pedido tempo, pedi desculpas e os ânimos se acalmaram, pôde-se reiniciar o jogo, quando o mesário se acomodou na mesa, bateu as duas mãos na cabeça e sorriu:
  _Filho da mãe, conseguiu 15 minutos de descanso pro seu time.
  Não só não tomamos nenhum gol, como fizemos mais 2.

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O Niltão sempre foi esquisito mesmo