quarta-feira, 20 de julho de 2016

Um cometa.


Esse corpo que se desfaz em beleza e deixa um rastro, o começo da viajem e o fim também...assim foi o juvenil do Dínamo do Butantã.
Diferente do infantil, que tinha sua base constituída de garotos da Osvaldão, esse, era um retalho de moradores oriundos de todas as redondezas da vizinhanças.
Carlos José, o Edemilson José Silva e o Sandrinho da Diana Deizeeram os únicos que residiam em nossa rua, o Marcelo Lima, o Valdeci e o Wladimir vinham do São Jorge, o Médison, o Coxinha e o Tiête vinham do João XXIII, o espetacular Japonês vinha do Cambará e o John Kennedy Nascimento vinha de Carapicuíba, como era mesmo fominha o AlemãoJose Roberto Sales Roberto, subia de quadro e completava o time.
Era tanta estrela junto que, quando acabava o jogo do infantil, eu e os meninos ficávamos admirando tanta habilidade em desfile, essa verdadeira seleção, era comandada pelo amigo Carlos Alberto Nascimento.
Todos sabem da minha paixão pelo futebol arte e a capacidade que tenho de juntar as peças num time, pra se ter um time invencível, faz-se imprescindível que haja todos os elementos em campo, a soma de tudo isso, lhe dará o time dos sonhos.
Esse time era o sonho de todo técnico, os zagueiros Marcelo, Wladimr e Lula eram uma verdadeira parede, o Carlos e o Coxinha eram lateral de primeiro nível, o Sandrinho e o Johny eram volantes de time profissional, o Médison dava show no meio do campo, o Alemão tinha uma torcida particular e o Japonês...ah, o Japonês...esse era de outro planeta.
No entanto, esse, era um time que faltava um elemento, faltava o falastrão...aquele jogador que grita com o juiz, que chora em campo, que joga até o fim, aquele jogador que ama e dá a vida pelo time, num sentido mais definido, faltava a esse elenco a ALMA.
Vimos isso e chegamos num acordo, tínhamos que achar esse último elemento.
Sempre entrava no Educandário Dom Duarte pra levar os filhos pra escola, meus meninos ainda eram pequenos, entreguei-os e fiquei um pouco pra ver a aula de Educação Física, quem sabe eu achava um interno que fosse da medida do meu time.
Havia, entre os meninos da turma do Carlos, um que não obedecia aos comandos do professor, fazia piadas o tempo todo e, de quando em quando, se encostava pra descansar, era também mais forte que os outros, uma espécie de líder entre os garotos de 14 e 15 anos.
Como professor, repudiei de primeira, como técnico vi potencial naquele garoto, alguns meninos me conheciam e se achegaram, sentaram ao meu redor, na casinha do campão.
Perguntei pra eles o nome daquele menino que, entre todos, era o mais folgado._ Júlio Martins o Shêpa, me disseram e fui pra casa com a impressão que havia achado o último elemento pro meu alinhamento de estrelas.
De tarde, fui buscar os filhos no grupo escolar, propositalmente fui mais cedo e fiquei observando os meninos no recreio da escola, lá estava o tal garoto, todos os meninos e meninas circundavam à sua volta e ele, a fazer piadas com todos, de fora da grade de proteção que circula a quadra, gritei:
_Ô moleque, quer jogar no Dínamo?
_Agora?Tô dentro.
Começou assim, a história de uma amizade eterna.

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O Niltão sempre foi esquisito mesmo