terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Aos amigos e aos amigos.


Falar de amigo é fácil, a vida é curta e, via de regra, perdemos muito tempo remoendo nossos pequenos problemas, quando damos conta, não dá tempo de consertar os erros.
Nos anos 80, numa balada, eu e a Rita discutimos feio e passamos a não nos falar mais e, ainda que fôssemos vizinhos, mantemos o distanciamento..o Aléx, (filho dela) nunca ligou pra isso e dividia o seu tempo de infância entre as duas casas, isso fez com que existisse, entre eu e a Rita, um respeito.É claro que, quando começou o Dínamo, o Aléx estava lá, o antigo desafeto acabou e pra não magoar o menino, nunca mais discutimos e ainda que não nos falássemos, convivíamos.
Num dia de jogo, como se demorássemos a chegar, algumas mães se reuniram na rua e passaram a falar mal de mim, uma delas chamou a Rita, pra engrossar o cordão das reclamações.
A Rita olhou para as mães, muito calma e disse:
_Todo mundo sabe que eu e esse cara não nos falamos, mas, se meu filho está sob a responsabilidade dele, eu confio, pois nisso, ele é bom.
Morrendo de vergonha, as mães se dissiparam.
Fato parecido, aconteceu com o Lino...numa partida de futebol, num campo que se localizava, onde agora é o Carrefour , eu defendia as cores do Peñarol e ele era o volante de um time da Vila Operária, numa disputa no meio de campo, eu levantei demais o pé, houve troco e saímos na mão.Isso também se deu nos anos 80 e a amizade nunca mais foi refeita, mas nesse caso, era diferente, quis o destino que tornássemos diretores de futebol e nessa área, não tem como não falar com desafetos.Apesar de sermos contrários em tudo, tínhamos o hábito de acertar as coisas no bar do Klebão, sempre com o testemunho do Pascoal, esses dois se divertiam, vendo os dois inimigos se resolvendo.
Quando o Dínamo precisava de reforços no meio de campo e a Diana Deize já fazia parte do time feminino, chamei o Lino pra uma reunião secreta, pois sabia que o Flamenguinho, time que ele geria, estava em vias de terminar.Fazia frio e eu fui de agasalho, pra me provocar, ele se apresentou com uma camisa do São Paulo, por desaforo, tirei o agasalho e exibi a minha da Kalunga, o Klebão e o Pascoal se divertiam com aquilo tudo.Bate-boca e ofensas foram desferidos de ambos os lados...quando disse que o Sandrinho e o James ficariam bem no meu time, ele passou mal:
_Nunca, nunca, jamais, disse ele (visivelmente alterado)
Disse a ele que, não adiantava reclamar, os meninos já tinham afeto pelo meu time, mais cedo ou mais tarde eles iriam pedir pra jogar, já que, eles já nos acompanhavam nos jogos.
Como ele estava irredutível, o Klebão sugeriu que se fizessem 3 jogos, futsal, campo e societ, o time que perdesse, se submeteria à vontade do outro, se o meu time perdesse, eu teria que lhe dar uma quantia em dinheiro, à título de indenização, achei justo e apertamos as mãos.
Foi assim que se iniciaram os jogos, é sabido que, como ganhamos na quadra e no campo, não foi necessário a realização do terceiro jogo e dois espetaculares volante, se somaram ao plantel do Dínamo.
Eles fizeram a estréia numa tarde de sábado, o campo do Estrela estava lotado, a vítima foi o Ypê do João XXIII, 9 a zero no placar, no nosso meio de campo não passou nem pensamento, ao lado do Aléx, Ademar e do Alemão, o Sandrinho...só faltou fazer chover, quando comemorou o terceiro gol, foi pra torcida e beijou o escudo.
Quando terminou o jogo e todos se preparava pra ir pra casa muito feliz, ouvi uma voz, na arquibancada:
_Meu filho foi o melhor em campo.
_É, foi mesmo_respondi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O Niltão sempre foi esquisito mesmo