quinta-feira, 2 de março de 2017

Gol de volante


Hoje em dia é normal, um volante avançar e fazer gols, tem volante que faz mais gol, que atacante, por aí.Mas eu sou da velha escola, de João Avelino e Tellê Santana, onde o volante não entra na área, nem na dele e nem na do adversário.
O Aléx, o Sandrinho, o James e o Shêpa, só faziam gol se fosse de penalti, eu treinava os volantes pra marcar e destruir e em cima dessa crença, punha a normalidade da coisa, portanto, volante que fizesse gol, era uma coisa de má sorte.
O Lucas Guilherme era prata da casa, nascido no mesmo mês do meu filho Victor Luther Zeus e junto com o Alessandro Diniz, montavam o trio inseparável do Dínamo, as primeiras noções de futebol, eles aprenderam em campo, pratas da casa, desde o berço.
Era uma manhã comum de sol escaldante, que nos pegou no meio do caminho, quando atravessávamos a Fernão Dias na sola, 2 horas e meia de caminhada, fomos pro Parque Edú Chaves, o campo ficava ao lado da pista, do lado oposto um conjunto habitacional do Singapura, do lado direito uma enorme favela e do lado esquerdo, um grande terreno coberto de mato, quando descíamos para o campo pensei, que nada poderia acontecer de errado, posto que, aqui seria um lugar ideal pra uma emboscada.Nesse dia, tinha um convidado especial, o Jean(meu irmão) da Cidade Tiradentes.
Dois times, um mirim e um juvenil, tudo normal, primeiro o mirim jogou, estávamos numa ascendência técnica, portanto, não foi difícil dominar o jogo e encurralar o adversário na sua defesa, por consequência, avançamos tanto, que o meia Victor estava dentro da área deles e os volante subiram até a cabeça da área, domínio total.
Sem poder sair, o adversário se entregava, não precisou de força para a goleada...tudo normal.
Com os nossos volantes pressionando a zaga deles pouco podia criar, numa dessas saídas o Lucas tomou a bola e, contrariando o normal, não dominou, bateu com muita força, a área estava lotada, a bola ganhou altura, passou por todos e foi morrer no angulo, golaço.E como ele nunca havia marcado um gol, comemorou de forma estranha, comemoramos todos e aplaudimos.
Pensei comigo:_gol de volante não dá azar, isso é mito.
E, tranquilizei-me, tinha sido gol do Lucas.
Terminado o jogo com uma goleada, entrou o juvenil, partida mais equilibrada, aos poucos, nosso time ia dominando o terreno, uma pegada aqui, uma jogada mais dura ali e seguia a briga por espaço no meio-campo e, já ganhávamos o jogo, quando o Jean, que jogava muito duro, no meio de campo, entrou de carrinho no meia deles, tumulto, o meia revidou ainda deitado, devolvendo a violência, o Erasmo Anderson, que estava perto, entrou na briga, deu e tomou butinadas, o Welington, que estava no banco, correu feito um galo de briga...apanhou, feito mala velha, pra tirar baratas.
Metade dos meninos pequenos, já haviam corrido pra pista, quando os do juvenil resolveram sair da briga e foi, com muita dignidade que corremos da briga.No caminho de volta, aquilo já havia virado piada, gritaram:
A culpa foi do volante, que marcou gol.

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O Niltão sempre foi esquisito mesmo