quinta-feira, 2 de março de 2017

Um titulo na marra


No primeiro ano do Dínamo, 1993, ainda tinha o Buda na zaga, o Aléx e o Ademar compunham o meio de campo com o Alemão, o Cosme, o Dener e o Lucas faziam um ataque rápido e o Elves, nosso goleiro, pegava e marcava gols, mas faltava o título da casa.No fim do ano, chegamos na final do campeonato do João XXIII.
O seu Francisco do Palmeirinha era o organizador, o barcelona do Jd Arpoador foi o outro finalista.
Ainda que, meu time estivesse voando baixo, não tínhamos reservas, geralmente a parada se resolvia na hora e se alguém se machucasse, ficava em campo ou o time jogaria com menos um atleta, até porque, só tínhamos 10 camisas e a do goleiro.
O campo do Uirapurú estava lotado, o jogo não deixava a desejar, na véspera, havíamos participado dum festival no Rio Pequeno e a qualquer hora o time ia dar sinais de cansaço, o técnico do Barcelona sabia disso e veio preparado, trouxe dois time pra campo.A habilidade do meu meio de campo era conhecida, o Alemão e o Pézão mandavam em campo e levamos o jogo pro intervalo, com a vantagem de 2x0,
na volta, havia um novo time pra enfrentarmos, totalmente descansado, se o nosso time já´estava ficando sem fôlego, eles estavam novinhos em folha.
Na metade do tempo, eles marcaram o primeiro gol e não demorou para vir o gol de empate, sem nada mais a fazer, mandei meu time recuar pra aguentar o empate, foi então que reparei que o time que saíra de campo, estava todo na sombra do vestiário, esperando voltar na prorrogação.
Nessa época eu não tinha um auxiliar, minha filha, que seria mais tarde a minha auxiliar tinha 6 anos e estava lá, olhando os irmãos dela...tive que discutir comigo mesmo, pra acertar o que eu ia fazer, pra sair daquela zica.
Meu time, já exausto, não sofreu o terceiro gol e conforme a partida ia se aproximando do final, o adversário foi diminuindo os ímpetos, à essa altura o time reserva já se aquecia.Fui no carrinho do meu bebê, que dormia, vigiado pelo cachorro Boomer e peguei a tabela do campeonato, olhava para o jogo, gritava com os jogadores e disfarçava que lia o regulamento do campeonato, pois sabia que todos me observavam.
O juiz apitou o termino, o outro time já havia se aquecido e entrou em campo, pra chutar bolas ao gol, como é hábito dos meninos, meu time saiu, mandei que se sentassem na arquibancada, eles estavam só o pó da rabiola.
O juiz já saíra do campo e conversava com o seu Francisco, no barzinho dele, tomei folego, vesti a máscara e fui ao seu encontro.
_E aí, juiz...vai marcar o nome dos batedores agora???
O juiz, que era filho do seu Francisco, chamou o pai, o pai se mostrou mais surpreso que o juiz, foi chamar o Arlindo e o Nenê do Barcelona.
Começaram um bate boca sem fim, acerca do regulamento do campeonato, outras pessoas vieram em socorro do adversário e outras, pra socorrer os organizadores, no outro lado do campo eu podia visualizar os meus filhos e os atletas do Dínamo, sentados à minha espera, o bate boca se acalorava, fomos todos pra mesa, procurar o regulamento, não havia nenhum lá, era só o que eu precisava saber.
Com o meu regulamento na mão gritei firme:
_O regulamento, que todos assinaram é bem claro, em caso de empate na final, a disputa será nos penaltes_enquanto lia, mostrava como dedo indicador a clausula e o paragrafo.
Os dirigentes do Barcelona mostraram-se indignados, parte da torcida gritava pra ter mais jogo, a outra parte pedia pra cumprir o regulamento.
Respirei fundo de novo e coloquei outra máscara, fui calmamente à mesa e disse:
_Se vocês fazem tanta questão desse título, podem leva-lo, passa pra cá o troféu de vice que eu já estou cansado disso tudo_e caminhei lentamente, pro lado que a minha turma estava acampada.Antes que eu pudesse chegar neles, o juiz me alcançou e disse para eu dar a lista dos 5 batedores.
Ganhamos os penaltes por 5x3, arrebanhamos o troféu e comemoramos.
Quando estávamos saindo do campo, do lado da creche, o Aléx, que tinha pego o regulamento leu:
_"Em caso de empate na final, haverá prorrogação com 2 tempos de 15 minutos.
Recolhi o papel da mão dele e gritei:
_Cala a boca, moleque !!!quando chegar nos prédinhos, todo mundo sai correndo.

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O Niltão sempre foi esquisito mesmo